quinta-feira , 28 março 2024

Dinamarca completa 2 anos sem gordura trans

Há dois anos, a Dinamarca declarou guerra à gordura assassina, tornando ilegal a presença de mais de 2% de gorduras trans nos alimentos. Quem violasse a lei teria de pagar multas pesadas – ou, até, encarar uma pena de prisão. O resultado? Hoje, quase nenhum paladar nota a diferença. As fritas continuam crocantes, os doces, tentadores e o frango frito, delicioso.

A experiência dinamarquesa oferece um exemplo para lugares como a cidade de Nova York e o Canadá, que estudam impor limites legais a esse tipo de gordura, que entope as artérias. Ácidos graxos trans geralmente são usados em alimentos industrializados, como biscoitos, margarina e lanches de fast-food. São mais baratos que as gorduras mono-saturadas, e conservam melhor os alimentos.

Além dessas vantagens econômicas, os produtores alegam que eliminar a gordura trans alteraria o sabor e a textura dos alimentos. Mas as gorduras trans já são consideradas o tabaco do mundo da nutrição. Elas baixam o nível de colesterol bom no sangue, e elevam o de colesterol ruim. O consumo de apenas 5 gramas de gordura trans – quantia encontrada em um pedaço de frango frito, com batatinhas para acompanhar – ao dia leva a um aumento de 25% de doença cardíaca.

“Nenhuma outra gordura, nesse nível de consumo, tem efeitos tão ruins”, diz o cardiologista Dariush Mozaffarian, da Escola de Saúde Pública de Harvard.

Ainda é cedo para dizer se a eliminação da gordura trans dos cardápios fez da Dinamarca um país mais saudável. Embora o Ministério da Saúde dinamarquês informe uma queda de 20% nos casos de doenças cardiovasculares nos últimos cinco anos, progresso semelhante foi feito em outros países que adotaram medidas voluntárias ou educacionais.

A Dinamarca é o único país que declarou a gordura trans uma substância ilegal. Para dinamarqueses como Troels Nyborg Andersen, a medida significa menos culpa na hora de comer fast-food.

A tradicional confeitaria dinamarquesa enfrentou uma crise quando a lei foi aprovada, de acordo com a proprietária do café La Glace, de Copenhague, Marianne Stagetorn Kolos. “Nada tinha gosto”, diz ela, referindo-se aos primeiros doces feitos com a margarina sem gordura trans. Mas o problema foi superado, e clientes como Anne Petersen nem notaram: os confeitos “são tão gostosos como sempre”.

Fonte: Estadão

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